Aleister Crowley

O homem mais maligno do mundo

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  1. Nando_Resistência!
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    Edward Alexander Crowley,
    ou melhor, Aleister Crowley, nascido em Lemington, Inglaterra, em 12 de
    outubro de 1875, falecido em Netherwood, Hastings, em 1 de dezembro de
    1947, se não foi um dos maiores ocultistas do séc. XX, foi pelo menos
    um dos mais controvertidos.


    Filho de Família puritana, foi criado na seita dos Irmãos de Plymouth. Desde cedo combateu o Cristianismo, e em 1898 iniciou-se na Golden Dawn
    (Ordem Hermética da Aurora Dourada) que teria uma grande influência na
    sua vida e na sua obra, assim como na de seu secretário e discípulo
    Israel Regardie.


    Com a morte da mãe, Crowley recebe como
    herança 40.000 libras. Dinheiro que financiaria as aventuras de sua
    vida; e quando o dinheiro se extinguiu, Crowley utilizou o dinheiro de
    diversos benfeitores, entre amigos, discípulos e amantes, que
    sustentariam seu luxo e suas exentricidades.


    A Golden
    Dawn foi, em muitos aspectos, principal (e talvez o único) ramo do
    Rosacrucianismo nos últimos 15 anos do séc. XIX. Foi fundada por quatro
    membros da S.R.I.A. (Societas Rosicruciana in Anglia) - S. L. Mac
    Gregor Mathers, W. W. Westcott, Woodman e Woodford, segundo manuscritos
    vindos da Alemanha, fornecidos por uma tal Ana Sprengel. Desenvolveu-se
    em seu seio estudos aprofundados de Tarot e de Qabalah, assim como de
    magia.


    A espinha dorsal da Golden Dawn era formada pelos
    ensinamentos mágicos herdados da Idade Média, Eliphas Levi, Francis
    Barret e John Dee, entre outros, além da mente brilhante de Mac Gregor
    Mathers que montou e organizou todos os rituais e graus da Ordem,
    chefiando-a inicialmente com os outros três, e mais tarde sozinho, até
    a dissolução da Ordem em 1900.


    Mesmo após sua saída da
    Golden Dawn, Crowley continuou divulgar os conhecimentos que lá
    aprendera, seja na Astrum Argentum, ou na O.T.O. (Ordo Templi Orientis), ou mesmo nos volumes do Equinox.


    Ao
    entrar na Golden Dawn, Crowley foi apadrinhado e instruído por Alan
    Bennet (Frater Iehi Aour). Assumiu o nome de Frater Perdurabo
    (Perdurável) e tornou-se amigo íntimo de Mac Gregor Mathers, a tal
    ponto que trocou seu nome pelo de Aleister Mac Gregor, querendo com
    isso indicar um possível laço familiar. Junto com Mathers combateu a W.
    Yeats, que pretendia (e mais tarde conseguiu) dividir o comando da
    Golden Dawn e assumir o Templo de Ísis Urânia, o principal de Londres.


    A
    habilidade de Crowley para a magia e o ocultismo eram tais que em 1
    ano, ele já dominara todos os chamados Graus Externos da Golden Dawn,
    causando inveja de outros membros, que recusavam-se a lhe aceitar nos
    Graus Internos da Ordem. O artifício de mudar o nome para Aleister Mac
    Gregor foi também um meio de franquear-lhe as portas para esses graus.


    Aqui podemos adicionar o progresso feito por ele na Golden Dawn:


    - Adeptus Minor 5º=6º Janeiro de 1900;

    - Adeptus Major 6º=5º Abril de 1904;

    - Adeptus Exemptus 7º=4º 1909;

    - Magister Templi 8º=3º Dezembro de 1910;

    - Magus 9º=2º Outubro de 1915.


    Em
    1905, porém, Crowley e Mathers se separaram de um modo não muito
    amigável. Em 1904, enquanto viajava pelo Egito com sua esposa (Rose
    Kelly), que tinha o dom da vidência, passam três dias (8, 9 e 10 de
    abril de 1904), ela ditando, e ele escrevendo, o seu evangelho, ditado
    pelo espírito de Aiwas (Segundo Crowley, ministro de Hoor-paar-Kraat,
    ou Harpócrates, pelos Gregos) conhecido pelo nome de “O Livro da Lei”.


    Ainda
    em 1905, Crowley fundou a A:. A:. (Astrum Argentum), Ordem ocultista
    que segue os moldes da Golden Dawn, embora sem o mesmo sucesso.


    A
    primeira menção feita ao Livro foi apenas em 1927 e sua primeira
    publicação em 1938, e os detratores de Crowley se utilizam deste
    argumento para dizer que ele buscava dar a obra uma antiguidade que não
    era real. Porém, a introdução original do Livro da Lei é assinada por
    O.M. e leva o selo da Golden Dawn (Aurora Dourada) e a firma ali
    corresponde a de Mac Gregor Mathers e nesta época Crowley ainda
    mantinha relações afins com a Ordem.


    Em 1912 foi
    convidado por Teodore Reuss, Grão Mestre da O.T.O. desde 1905. A idéia
    inicial era que Crowley organizasse os Graus Superiores da Ordem e
    liderasse a Região da Irlanda, Iona e as Ilhas Britânicas. Crowley
    aceitou de bom grado, uma vez que a Astrum Argentum tinha poucos
    membros e a O.T.O. já possuía uma fama internacional, o que lhe
    permitiria atingir um número muito maior de pessoas com seu “evangelho
    da vontade e do amor”. Permaneceu na O.T.O. até 1921, quando houve uma
    ruptura na O.T.O., causada pela influência do Tantra Yoga (ou Magia
    Sexual) no 9º Grau da Ordem, que agradava a uns e desagradava a outros.


    Entre
    1938 e 1943, Crowley uniu-se a Lady Frieda Harris para corrigir e
    atualizar o Tarot Medieval. O trabalho que inicialmente deveria durar 3
    meses, acabou se estendendo por 5 anos.


    A primeira edição
    do Tarot de Crowley foi feita por Carr Collins e a sua Fundação do
    Santo Graal, apenas em preto e branco. Em 1969 um editor de livros de
    ocultismo lançaria a primeira edição em cores, mas de péssima
    qualidade. Apenas em 1979 é que o Tarot foi publicado com o padrão de
    qualidade requerido para um trabalho desta natureza.


    Crowley
    faleceu em 01/12/1947, pobre e doente, enfraquecido por seus excessos
    com a bebida e drogas. Chamado pela imprensa de "O Homem Mais Perverso
    do Mundo", deixou a todos os seus inimigos e admiradores "uma obra de
    imenso valor", senão pelo conhecimento, talvez pelo esforço, de um
    homem que dedicou sua vida inteira ao estudo do oculto e da Magia.
    Crowley assumiu ao longo de sua vida, uma enorme quantidade de nomes e
    títulos que atribuía a si mesmo. Seguem abaixo alguns dos principais
    nomes por ele utilizados:


    - Conde Vladimir Svareff;

    - Master Therion;

    - Príncipe Chioa Khan;

    - Baphomet;

    - Frater Perdurabo;

    - Aleister Crowley;

    - Aleister Mac Gregor;

    - Lorde Boleskini.


    Frases de Crowley


    “Cada
    carta é, em determinado sentido, um ser vivo, e suas relações com as
    vizinhas são o que poderia-se chamar de diplomáticas. Ao estudante cabe
    a tarefa de incorporar estas pedras vivas a seu templo vivente”
    - O Livro de Toth.


    “A Magia é a Arte ou a Ciência de causar mudanças com a Força de Vontade” - O Livro de Thoth.


    “Há
    de se considerar a popularidade pueril do cinema, o rádio e os
    prognósticos esportivos; as competências da adivinhação e todas as
    invenções; úteis apenas para satisfazer aos caprichos de algumas
    crianças mal-criadas que carecem de vontade, de sentido e de propósito”
    - O Livro da Lei.


    “Invoca-me
    sob as estrelas! O Amor é a Lei, o Amor antes do querer. Que nem os
    tontos equivoquem o Amor, porque há amor e Amor, existem a pomba e a
    serpente. Escolha Bem”
    - O Livro da Lei.


    “A Lei é feita da tua vontade. A Lei é a do Amor, o amor sob tua vontade, não há mais a Lei; faça a tua Vontade” - O Livro da Lei.


    “...A
    caligrafia do Livro deve ser firme, clara e bela. Na fumaça do incenso
    é difícil ler os conjuros. E enquanto tenta ler as palavras por entre a
    fumaça, ele desaparecerá, e terás de escrever aquela terrível palavra:
    Fracasso.


    Mas não existe nem uma só folha
    do livro na qual não apareça esta palavra; mas enquanto é seguida por
    uma nova afirmação, ainda nem tudo está perdido, já que desta maneira
    no livro a palavra Fracasso perde toda a sua importância, da mesma
    maneira que a palavra êxito não deve ser empregada jamais, porque esta
    é a última palavra que deve-se escrever no livro, e é seguida por um
    ponto.


    Este ponto não se deve
    escrever em nenhum outro lugar do livro; porque o escrever neste livro
    segue eternamente; não há forma de encerrar este diário até que haja
    alcançado a meta. Que cada página deste Livro esteja repleta de música,
    porque é um Livro de Encantamentos!”
    .


    O homem mais perverso do mundo


    Dentro
    do mundo do ocultismo, por vezes, ganharam renome especial pessoas que,
    pelos seus estudos e investigações, se destacaram em tão árido e
    enigmático campo. Noutras ocasiões foram os seus praticantes, os magos,
    os bruxos etc., que ganharam uma significativa popularidade, tanto
    pelos seus escândalos, como pela sua singular personalidade. Tal foi o
    caso do inglês Aleister Crowley, recordado no mundo da magia e do
    esotérico como um ser aberrante, ainda que dotado de um extraordinária
    talento para as Ciências Ocultas.


    Crowley rompeu com
    todos os moldes ritualísticos então estabelecidos. Se, por um lado,
    procurou assimilar os conhecimentos clássicos mais diversos, por outro,
    não hesitou em melhorar tais práticas, introduzindo fórmulas novas e
    praticando a Magia Verde até níveis que raiavam a obsessão erótica. Foi
    muito criticado, atacado e caluniado, porém não perturbou.
    Inclusivamente, encontrava certo prazer em ser o alvo do ódio de uma
    sociedade que considerava caduca e atrasada. Isso ajudava, além disso,
    a realçar a sua enigmática figura de mago, posto que ele próprio tinha
    adoptado os nomes de "o homem mais perverso do mundo" e "a Grande Besta 666" (fazendo referência, com este número, ao Anticristo do Apocalipse).


    Para
    compreender, em parte, a atuação e mentalidade desta mago que, apesar
    dos seus extravios, raiou o genial, penetrando nos planos mentais e
    mágicos, nos quais ninguém tinha ousado encontrar antes, há que
    recordar que nasceu em 12 de Outubro de 1875, o ano em que Helena P.
    Blavatsky e o seu companheiro, o coronel Olcott, fundavam, em Nova
    York, The Theosophical Society (A
    Sociedade Teosófica). E por aquela época achava-se em pleno auge o
    movimento espiritista em todo o mundo. As irmãos Fox assombravam com as
    suas experiências e as investigações de William Crookes sobre o
    Espiritismo eram seguidas com grandes interesse pelo público, enquanto
    as seitas e as sociedades secretas abundavam por todas a parte e havia
    poucos meses que tinha falecido o francês Éliphas Lévi, autor de vários
    livros de magia, entre os quais se destaca Dogma e Ritual da Alta Magia.


    Crowley
    veio ao mundo num período de enorme efervescência místico-esotérica,
    num momento em que a intensa inquietação pelo secreto e pelo oculto
    alcançava quotas muito elevadas. Abundavam as seitas revolucionárias,
    os textos teosóficos, os escritos sobre missas negras, os escândalos
    dos grupos espiritistas e a propagação de doutrinas orientais. Crowley
    escolheu este mundo e desprezou tão publicamente quanto pode o falso
    puritanismo que até então havia sido o espelho da sociedade inglesa e,
    em parte, ocidental. Nesse marco mágico-espiritual desenvolveu-se a
    personalidade de Crowley, rebelando-se contra todas as normas sociais e
    religiosas, até ao ponto de ele próprio acreditar ser "A Grande Besta".


    O
    verdadeiro nome deste singular mago era Edward Alexander Crowley e
    nascera em Leamington, Warwickhire (Inglaterra). Mas, em 1895, quando
    tinha vinte anos de idade, decidiu desligar-se do seu nome de origem,
    que considerava pouco menos que uma estupidez familiar, e adoptou o
    sobrenome de Aleister (na realidade de Alistair, a forma gaélica de
    Alexander), com o qual seria mundialmente conhecido.


    No
    Verão de 1898, Crowley partiu para a Suíça, para fazer alpinismo, de
    que gostava tanto como de escrever poemas. Em Zermatt (Alpes suíços),
    conheceu um inglês chamado Julian L. Baker, estudioso dos fenómenos
    ocultistas. Ambos os homens tinham conhecimentos alquímicos e logo
    travaram uma forte amizade, unidos pelos seus conhecimentos esotéricos.


    De
    regresso a Londres, Baker apresentou Aleister a um jovem químico
    chamado George Cecil Jones, que era membro da sociedade mágica
    denominada Hermetic Order of The Golden Dawn
    (Ordem Hermética da Alva Dourada). Esta nova amizade ia ser decisiva
    para o inquieto Aleister, pois através dela ia penetrar nos verdadeiros
    arcanos da magia.


    Golden Dawn era uma sociedade secreta
    dedicada ao ensino da magia entre um grupo de pessoas selecionadas.
    Supunha-se que esta sociedade era depositária de segredos que se
    atribuíam a Hermes Trismegisto. Segundo parece, nas suas remotas
    origens era uma irmandade de rosacrucianos, que mais tarde derivou
    completamente para as práticas mais diversas. Cerca de 1850, com a
    morte de alguns dos seus membros mais notáveis, a sociedade pareceu
    eclipsar-se, mas cobrou novo alento na década dos 80.


    Na
    sua primeira etapa, a Golden Dawn contou entre os seus sócios
    ocultistas tão famosos como Éliphas lévi, Ragon, Kenneth R. H.
    Mackenzie e Fred Hockley. E dos membros dessa segunda época há
    conhecidas e importantes como o poeta W. B. Yeats, o escritor de temas
    sobrenaturais, Algernon Blackwood, o literato do mundo do horror e do
    inexplicável, Arthur Machen, Bram Stocker (o criador literário de
    Drácula), a atriz Florence Farr, o ocultista Dion Fortune, Austin Osman
    Spare, Allan Bennett, Samuel Liddell MacGregor Mathers, William Wynn
    Westcoot e Sax Rohmer.


    Em 1884, a sociedade entrou na
    posse de um misterioso manuscrito que foi decifrado por S.L.MacGregor
    Mathers que sucedeu a W.W.Westcott, uma autoridade da Cabal, como
    cabeça visível da Golden Dawn. Mathers traduziu e publicou em inglês As
    Chaves de Salomão e O Livro da Magia Sacra de Abra-Melin o Mago.


    Foi
    nesta ordem que Aleister Crowley se iniciou na Alta Magia, começando a
    subir o fantástico, mas também penoso, caminho que o havia de conduzir
    ao ponto máximo do sobrenatural. Foi aceite como membro em 18 de
    Novembro de 1898, começando pelo grau zero, como Neophyte.


    Tal
    como sucedia entre os maçons e rosacrucianos, na Golden Dawn havia
    várias graus de membros e os chefes eram secretos, embora existisse uma
    cabeça visível da Ordem. A graduação dos membros era a seguinte:


    * Primeira ordem:


    - Neophyte - grau zero;

    - Zelator - 1.º grau;

    - Theorius - 2.º grau;

    - Practius - 3.º grau;

    - Philosophus - 4.ºgrau.


    * Segunda ordem:


    - Minor - 5.º grau;

    - Adeptus Major - 6.º grau;

    - Adeptus Exemptus - 7.º grau.


    Em
    dezembro do mesmo ano do seu ingresso, Crowley alcançou o grau de
    Zelator; depois obteve o de Theoricus e dois meses mais tarde o de
    Practius.


    Em Maio de 1899 era já Philosophus, o que dá
    uma leve ideia da sua capacidade para assimilar conhecimentos mágicos,
    pelos quais sentia uma verdadeira obsessão, sobretudo sob o ponto de
    vista prático. Não havia ritual nem invocação que se não atrevesse a
    realizar, por muito perigoso e obsceno que o mesmo fosse, especialmente
    quando escalou os graus da Segunda ordem.


    Disposto a
    cruzar todas as fronteiras humanas e da mente, pensando na "projecção
    astral", tomou as mais exóticas drogas que, segundo a tradição mágica,
    "lhe podiam abrir as portas do mundo que se encontrava por trás do véu
    da matéria". Usou o ópio, a cocaína, o haxixe... E em breve a sua
    existência de transformou numa série de êxtase, abominações, perversões
    mágico-sexuais e audácias, desafiando a opinião publica de todos os
    países que percorreu.


    Uma guerra mágica


    Na
    sua procura de novos segredos místicos ou mágicos, Crowley viajou,
    entre os anos de 1901 e 1902, pela Índia, Ceilão e Egipto. Com enorme
    quantidade de escritor e apontamentos, tirados dos mais raros
    grimórios, regressou à Inglaterra, isolando-se nas suas terras de
    Boleskine, próximo do lago Ness, na Escócia. Tinha ali erigido um
    templo em que realizava os rituais mágicos prescritos por Abramelin ou
    Abra-melin na sua Magia Sacra, e que eram imprescindíveis para entrar
    em contacto com os seres do plano astral ou espíritos superiores.


    Pouco
    tempo mais tarde, quando tinha vinte e oito anos, contraiu matrimónio
    com uma viúva chamada Rose Kelly. O casal foi em viagem de núpcias a
    varias cidades europeias, atéue chegou ao Cairo. Uma vez ali, Aleister
    convenceu Rose a passar com ele uma noite na Câmara Real da Grande
    Pirâmide. Seguindo rituais ancestrais, evocaram o deus Thot; tiveram
    estranhas visões e Crowley saiu da Grande Pirâmide convencido que se
    encontrava no bom caminho para desenvolver os seus poderes mágicos..


    O
    casal prosseguiu viagem até Ceilão, mas, em 1904, regressou ao Cairo,
    onde alugou um andar inteiro do Museu Boulak. Ali, Crowley realizou uma
    série de cerimonias magicas para invocar Thot o deus egípcio da magia.
    E, no meio de estranhas e surpreendentes circunstâncias, uma potência
    angélica, que dava pelo nome de Aiwass, ditou a Aleister "O Livro da
    Lei" (The Book of the Law) ou Liber Legis, no qual se prediz a destruição da civilização, tal como o conhecemos, e se proporciona um guia para formar a Nova Era.


    Aleister
    considerava-se o ser eleito para ensinar o novo caminho, a força mágica
    que havia de servir de archote à nova civilização, mas o seu credo
    somente foi aceite por uma minoria, embora atualmente os acontecimentos
    pareçam dar-lhe razão.


    Considerando que reunia maiores
    méritos que MacGregor Mathers para dirigir a Golden Dawn, deu os passos
    necessários para minar a personalidade daquele. Vendo a ambição de
    Crowley, Mathers utilizou todos os seus conhecimentos ocultistas para
    enfrentar o seu rival, e o resultado foi uma terrível guerra mágica
    entre os dois colossos do ocultismo inglês.


    O orgulhoso
    Mathers depreciou totalmente as revelações feitas pelo Aiwass a Crowley
    e enviou-lhe, por meio de rituais de Magia Negra, uma série de demónios
    para o atacaram. Segundo parece, os ditos rituais demoníacos foram
    tirados por Mathers do livro de Abra-Melin.


    O resultado
    foi que a ninhada de sabujos de Crowley morreu misteriosamente e o seu
    criado enlouqueceu, tentando matar Rose. Aleister, armado com um arpão
    de pescar salmões, conseguiu encerrar o demente no sótão, de onde foi
    retirado pela polícia.


    Uma vez recomposto da surpresa
    desse ataque, Crowley passou à contra-ofensiva mágica. Evocou as forças
    guetianas, as potências malignas e os quarenta e nove servidores de
    Belzebu atacaram Mathers na sua residência de Montmarte (Paris). Este
    defendeu-se com as suas artes mágicas do furibundo ataques dos entes
    malignos, mas, embora tivesse ficado com vida, até à sua morte já não
    teve forças para continuar a lutar com "A Grande Besta". S. L. MaGregor
    Mathers morreu, em 1918, sem ter feito nada de notável naqueles últimos
    anos. A sua saúde tinha ficado bastante abalada devido ao assalto das
    forças astrais e demoníacas postas em ação por Crowley. A direção da
    Golden Dawn passava inteiramente para as mãos de Aleister.


    Rose,
    que era dotada do dom da clarividência, pode "presenciar" o ataque dos
    referidos entes malignos e descreveu-se a Crowley, que incluiu as
    descrições de alguns deles na sua obra The Scented Garden of Abdullah, the Satirist of Shiraz
    ("O Jardim de Abdullah, o Satírico de Shiraz"): Nimorup (espécie de
    anão de grande cabeça, longas orelhas e lábios a escorrer baba, de um
    verde bronzeado) e Nominon (uma espécie de grande e esponjosa medusa
    com uma mancha esverdeada e luminosa, como se se tratasse de uma
    obscena confusão).


    Obras e malefícios de Crowley


    Crowley praticou uma forma de magia ao estilo dos Vamacharis,
    seguidores da "Senda da Mão Esquerda", que efetuavam os seus rituais
    com mulheres, pois estas pertencem à Lua, à esquerda, Crowley
    enriqueceu os rituais com práticas sexuais tântricas recolhidas nas
    suas viagens à India.


    Foi tal a sua obsessão pela magia,
    que se pode dizer que, fora das suas invocações e evocações, Aleister
    não teve contatos com mulheres. Praticou com elas varios tipos de ritos
    sexuais; em alguns foi ajudado pela irmã Leila Bathurst, grande
    secretária geral da O.T.O., que foi a sua "mulher escarlate" (a mulher
    que encarnava a potência sexual criadora).


    Aleister
    Crowley não só transmitiu uma nova seiva à Golden Dawn, como, em 1905,
    fundou a AA (Astrum Argentinum), associação cujo mágico pretendia
    formar profetas.


    Crowley introduziu nos seus rituais
    mágicos algumas invocações gregas e egípcias combinadas com os
    princípios do yoga. Proclamava que cada pessoa era uma estrela e que o
    supremo objetivo do oficiante devia ser "transpor o abismo". Sempre
    defendeu os rituais com poucas pessoas e dizia que aquele que desejasse
    conhecer a magia devia investigar e experimentar a sós. Afirmava que as
    "forças ocultas" só inspiravam individualmente profetas, não multidões.


    Os ritos dos antigos egípcios e gregos tiveram grande
    preponderância na magia de Crowley que pretendia ser a reencarnação do
    sacerdote tebano Ankn-f-n-Khonsu, que viveu durante a XXVI dinastia.


    Partidário da reencarnação, Crowley dizia ter tido revelações das suas antigas vidas. Assim, segundo confessa no seu diário The magical record of the Beast 666
    (O Registo Mágico da Besta 666), tinha sido, o sábio chinês Ko Hsuan
    (um discípulos de Lao-Tzé), o Papa Alexandre VI, o conde de Cagliostro,
    o doutor Jonh Dee, Éliphas Lévi... Como Lévi, cujo verdadeiro nome era
    Alphonse Louis Constant, havia morrido seis meses antes do seu
    nascimento, Crowley afirmava que o espírito daquele tinha entrado no
    seio materno no terceiro mês da gestação.


    No que refere a
    Jonh Dee (1527-1608), pelo qual Aleister Crowley teve uma atração
    especial, seguindo muitos dos seus rituais, foi um famoso astrólogo,
    matemático e alquimista da corte de Isabel I de Inglaterra. Um dos
    livros mais curiosos que deixou escrito foi A True & Faithful Relation (Uma Relação Fiel e Verdadeira), que trata dos espíritos e das aparições, publicada em Londres em 1659.


    Para
    as suas predições, Crowley utilizava muitos dos métodos mágicos de Jonh
    Dee e do seu colaborador Edward kelly, médium e profeta que predisse o
    trágico final de Maria Stuart e o desastre da Invencível Armada, que a
    Espanha enviou para a Inglaterra.


    É evidente que Crowley
    misturava os seus rituais secretos antigos com práticas satânicas,
    muitas das quais não foram tornadas públicas por os seus herdeiros
    considerarem que o público ainda não está preparado para as
    compreender. Atribuem-lhe mesmo missas satânicas em que se sacrificavam
    seres humanos. A informação fidedigna de que dispomos dá a entender que
    Crowley chegou a realizar algo parecido a uma missa diabólica, tanto
    pelos seus atos sexuais como pelos animais que sacrificava.


    Durante
    a primavera de 1910, este, obcecado pelo oculto, realizou um
    extraordinário ritual em invocou Bartzabel, o espírito de Marte, para
    que viesse em seu auxílio e o ajudasse para que o mundo reconhecesse o
    seu talento e o seu poder mágico. Na cerimónia foi assistido pela
    violinista australiana Leila Waddell, a sua "mulher escarlate", durante
    algum tempo, que também era conhecida por "Laylah" ou irmã Cibeles.


    Após
    um romance com Mary d'Esté Sturges, companheira de Isadora Duncan,
    Aleister voltou para a sua "mulher escarlate", ideal para realizar
    rituais sexuais. Juntos foram a Moscovo (1913), para publicamente
    apresentarem algumas das suas cerimónias esotéricas.


    Ao
    rebentar a primeira Guerra mundial, Crowley partiu para os Estados
    Unidos, entrando em contato com vários sociedades ocultistas e fundando
    diversos templos. Os seus rituais depravados começaram a levantar
    algumas polemicas e a figura da "Grande Besta" adquiriu certa fama. O
    importante para ele era obter o conhecimento daquilo a que chamava
    Santo Anjo Guardião, yoga perfeito ou união da alma com o seu secreto
    manancial. E considerava que o tinha conseguido: para a posteridade
    deixava O Livro da lei, ditado por Aiwass.


    As obras de Crowley, sobretudo The Magical Record of the Beast 666 (O Registo Mágico da Besta 666) e The Magic in Theory and Practique
    (A Magia na teoria e na Prática) refletem essa inquietude na procura do
    inacessível, de modo semelhante àquele por que os antigos alquimistas
    procuravam o elixir da eterna juventude. Cita inúmeros exemplos
    práticos mágico-sexuais: para criar energia mágica na união
    homem-mulher, para consagrar os talismãs com rituais autocráticos, para
    revitalizar o corpo, para materializar os objectos desejados...


    O fim de "A Grande besta"


    Com
    o nome de Thelema (o país em que Gargantua, a personagem criada por
    Rabelais, constrói a sua fantástica abadia), Aleister Crowley fundou em
    Cefalú (Sicília), uma abadia mágica (1920), na qual realizou os rituais
    mais singulares, fantásticos e depravados, com as suas seguidoras. Mas
    as orgias "sagradas" que se celebravam em Thelema, com consumo de
    drogas para obter a libertação, para facilitar a viagem astral, não
    duraram muito. Várias das "irmãs" tiveram de ser hospitalizadas e, em
    1923, o governo italiano expulsou Crowley, fechando a abadia ocultista,
    na qual se tinha intentado penetrar nos arcanos das forças astrais sem
    considerar meios nem barreiras morais de qualquer espécie.


    Crowley
    morreu de uma degeneração miocardíaca com complicação de bronquite
    cronica na noite de 1 Dezembro de 1947, em Hastings, com 72 anos. A
    "irmã" Tzaba, que o assistiu nos momentos cruciais ao passar a grande
    barreira, recolheu as suas últimas palavras, que foram: "Estou
    perplexo...".


    Na quinta-feira, 5 de Dezembro de 1947, os
    restos do ousado ocultista inglês foram incinerados no crematório de
    Brighton. Estiveram presentes no funeral alguns dos seus amigos,
    discípulos e admiradores: Gilbert Bayley, "irmãs" Tzaba e Ilyarun,
    "irmãos" Volo Intelligere e Aossic, o poeta Kenneth Hopkings...


    No
    final de cerimónia fúnebre na capela do crematório, os seus seguidores
    entoavam o orgiástico Hino a Pã, escrito pelo próprio Crowley, seguido
    do Réquiem Gnóstico. O ato levantou os protestos da câmara municipal de
    Brighton e o responsável do crematória viu-se obrigado a desculpar-se
    pelo sucedido, prometendo que se tomariam medidas para que no futuro
    não se voltassem a repetir incidentes daquela natureza.


    Como
    epitáfio, perante o seu túmulo, alguns dos seus fervorosos discípulos
    cantaram o Hino a Satã, de Carducci, e celebraram uma espécie de missa
    negra.


    As cinzas do corpo físico de Crowley ficaram na
    terra, na urna do mago, mas o seu espirito, metamorfoseado em ideias e
    rituais graças às revelações do demônio Aiwass, embora continue a
    perdurar nas suas obras e entre os seus seguidores, que não são poucos,
    que continuam a invocar, por meios mágicos, as forças astrais por ele
    identificadas e tipificadas: as forças ocultas que se encontram por
    trás do pano de fundo da aparência real do mundo.



     
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